Categoria: Nanquim
Exposição “Imagens Vestígio” – Desenhos das lembranças
A partir do dia 27 de abril, a mostra Imagens Vestígio vai estar aberta a visitação no Lobo Centro Criativo.
A abertura será as 19h horas desta sexta. Os desenhos estarão a venda pelo período da exposição que termina em 25 de maio.
Neste post vou falar como surgiu a pesquisa e como os trabalhos da mostra foram feitos.
Imagens Vestígio – A Pesquisa
Imagens vestígio surge inicialmente como processo de criação, pesquisa de desenhos e símbolos que eu pudesse usar em minhas pinturas. Ainda em 2009 costurei meu primeiro caderno para usar entre a inda e vinda da faculdade e do trabalho. Para esse caderno escolhi um papel de cor escurecida chamado de Marfim. Sua superfície lisa e sua gramatura média permitiam diferentes usos de materiais, desde o lápis grafite, passando por marcadores, canetinhas e até aguadas simples.
Outro fator determinante para o resultado dos desenhos seria o material: Deveria ser fácil de se carregar e registrar, sem que me preocupasse com secagens ou atravessamento do papel. O feliz encontro e descoberta do Marcador da Montana Colors se uniu as comuns canetas nanquim, (que já usava por ter paixão por hachuras). Deste encontro, nasceu a característica forte, expressiva e simbólica que os desenhos do caderno foram tomando.
As primeiras páginas desse caderno no entanto foram de pesquisa de materiais, usei lápis de cor laranja, aquarela, marcador branco e outros, porém no encontro do marfim, preto e vermelho, foi que achei maior força.
Então saia todos os dias com meu companheiro de viagem, desenhando ambiente, objetos, pessoas em metrô ônibus, fragmentos de obras de arte e desenhos de imaginação, poemas, reflexões sobre minha produção, nomes de artistas, e outras infinidades de coisas. Buscando sempre um desenho sem esboço, direto no nanquim e equilibrando a composição com massas vermelhas uniformes, um universo imagético construído de resquícios de lembranças e registro de esquecimentos, foram se formando, misturando motivos antigos em meu repertório e criando novos.
Consequência do erro, acaso e embate entre material, controle motor e ideia, cada folha do caderno tem uma história e ao revisitá-lo quase sempre sou transportados para o ambiente em que foram produzidas. As vezes a sala de aula, outras em um restaurante de comida barata, outras na mesa de bar de aniversário de amigos, bibliotecas, quartos, estradas, ou a beira do mar.
Toda essa pesquisa que continua até hoje passou por várias fases e meus pontos de interesse foram variando, entre Dali, Goya, Van Gogh, Octávio Araujo, Daniel Senis, Eva Hesse, e tantas outras referências. O meu olhar pelo mundo buscava a relação do corpo com objetos, espaços, com o outro, o real e o sonho.
É interessante pensar na dinâmica de criação dessas imagens, e a relação com o resultado final. Por serem desenhos rápidos, de registos de imagens, pessoas, lugares que estavam passageiras no meu cotidiano, os desenhos tem uma natureza fragmentada, inacabada. Pois muitas vezes o motivo de estudo era perdido, ou interrompido pelo trajeto que tinha que percorrer, uma aula que chegava ao fim, e etc. E as vezes esse desenho só seria “completado” ou finalizado, dias, meses depois. Após ter passado por diversas novas experiências, a revisitação de cada página do caderno era e é constante, A revisitação de memórias, a relembrança, e sobreposição de camadas que ficaram gravadas na feitura de cada página, são o coração desses cadernos.
O primeiro caderno foi finalizado por volta de março de 2010, o segundo foi iniciado em Julho de 2010 e foi nesse momento que as questões da fragmentação se tornaram um motivo consciente e uma busca do corpo recortado, rasgado, costurado, aberto, deformado, muculos, ossos, se tornaram frequentes, o que remetiam a uma violência, a morte e o terror para muitos que observavam o resultado final. Porém o interesse nesses motivos era o poder da linha expressiva, e o como ela potencializava essa violência. Em contra partida, deixei de usar o marcador vermelho em 80% dos estudos, buscando evitar o simbolismo do sangue, dando aos corpos um caráter menos carnal. Com palavras chaves, tiradas do trabalho de Leonilson (Numeros, mãos, cabeças, ramificações, tempo, passagem, corpo, a palavra) e ações (carregar nas costas, segurar junto ao peito, voar, cair, se perder) o segundo caderno se finaliza apenas em março de 2015.
O terceiro caderno iniciado em Maio de 2015 e que ainda estou usando vem me trazendo novas reflexões e busca por representações menos eurocêntricas. Uma visita aos símbolos e imagéticas negras vem sendo minha maior preocupação na criação das imagens no momento. Os fenótipos foram mudando, novas experimentações de materiais e estilos de desenho deixaram as paginas mais variadas.
A Exposição
Para a exposição, resolvi resgatar algumas páginas dos cadernos, desenvolvendo trabalhos maiores e que reconstroem acasos, acidentes, tornando escolhas conscientes processos que tiveram um outro tempo e natureza de nascimento. Além disso, procurei reunir dois grupos de imagens, com natureza distintas nos trabalhos da amostra. No primeiro temos imagens completas, com tons simbólicos e força dramática que conversa com a referência de cada expectador, porém com interpretações mais fechadas. O segundo grupo constrói simbolismos e desperta sensações e interpretações mais abertas, que produzem leituras mais românticas, violentas ou fantásticas de acordo com quem as vê.
Essa revisita as lembranças de 9, 7 anos passados, produziu resultados interessantes e pretendo continuar esses transporte e resignificação dos fragmentos das memórias registradas.
Além também de tornar publico essas pesquisas que ficavam confinadas em meus cadernos, possibilitando novas leituras, e enriquecendo minha poética para futuros trabalhos.
Quem quiser conferir pessoalmente esse trajeto está convidado a visitar a mostra tanto na abertura, como no decorrer do mês de maio.
Serviço:
Exposição Imagens Vestígio – Diogo Nogue
Local: r. capitão cavalcanti, 35A – vila mariana/sp
Visitação: Segunda a Sábado
Site: http://www.lobocc.com.br/
Abertura: 27/04 as 19h
Queimamos Natividade… era uma noite de festa.
Técnica: Nanquim, acrílica, xilo, photoshop.
Mais uma ilustração para o TNTema. Fiz essa ilustração hoje de manhã rapidinho e finalizei no ps. O tema desse mês é Brasil, um ótimo tema para ilustradores mostrarem qual é a imagem do nosso país, vai aparecer muito verde e amarelo, muito futebol e muita critica.
A minha é meio critica, meio memorial.
abraços.
Postagem de Fim de ano
Para finalizar o ano vou postar alguns desenhos e ilustrações decorrentes desses 12 longos/curtos meses
bom 2009 a todos nós.
Esta foi para o ETC&Traço com o tema Samurai + Espaço
Faroeste Caboclo: esta ilustração era para o TNTema, o tema era Faroeste, porém não terminei a tempo (na verdade ainda não está pronta, esse é só o fundo dela. quem sabe em 2009 ela fica pronta)
Este foi um estudo de uma estampa para Litografia.
o resultado foi quase semelhante.
Um projeto de desenho que iniciei esse semestre inspirado em trabalhos da artista Mira Schendel. ( se alguém quiser dar uma olhada nesses trabalhos que me inspiraram é só ir na Estação Pinacoteca em São Paulo.)
esse foi o primeiro estudo. o segundo esta mais limpo. e pretendo chegar em algo mais e mais leve. uma cor, camadas e linhas.
E para Finalizar, esse rabisco aqui totalmente descontraído
só pra dizer que ano que vem esses caras vem pra SP e eu Vou estar lá cantando as musicas que povoam meus dias. hehe
2009. espero que seja bom para todos a minha volta de alguma forma.
abraços!
Devaneio
No Silêncio
Aquilo que fica no silêncio
E que nada pode acordar
Aquilo que morrerá comigo
Quando tudo acabar.
Aquilo que não posso te dizer
Aquilo que não quer escutar
São marcas do que pode acontecer
São coisas que não quero deixar.
Tem coisas que massacram no silêncio
Palavras que morrem na garganta
Desejos são presos no peito.
Mutilações de possíveis mudanças.
Quantas alegrias morreram no silêncio
Quantos “quase” se fizeram no vazio
Quantos caminhos acabaram destruídos,
quantos sonhos se perderam consigo.
Para você que me deixou ir
Que não quis lutar com medo de se ferir
Que não me deu aquilo que merecia,
Espero que encontre o que você queria
Espero que não se perca em mórbidas fantasias
Espero que pare de fugir.
Para você que me segurou,
Que quebrou o silêncio que me suprimia
Que com um olhar fez de musica a minha sala.
Espero estar contigo a cada momento.
Espero ser este o fim do tormento
Espero encontrar o que me levaram no vento.
Desenho 67 – Devaneio 22 – Nus
+ modelo vivo.
técnica: Lapis de cor, guache, acrilica, nanquim e um pouco de photoshop
Estas ilustrações foram feitas para o Blog TNTema o nu artistico, vale apena ir lá e ver os trocadilhos e as belas artes.
Nu
Em meio ao vento frio,
O sopro percorre meu corpo
Não sinto um simples calafrio
Estou planando no topo.
O topo da vaidade
Na frágil cadencia da verdade
Desprovido de mascaras e de receios
Caindo em profundos devaneios
Sem força e sem coragem
Sem coletes sem vantagem
Só seu e o meu partidos
Só o Não e o Ser, perdidos.
Não tente me julgar
Não posso suportar
Sem santidade e sem perfeição
Sem castidade e sem paixão.
Estou caindo em um precipício
Estou voltando para o principio
Estou pedindo a sua ajuda,
Em dois segundos a despedida.
Guerreira – Desenho 65 – Devaneio 20 – E se todas as rosas…
Técnica: Nanquim, Pintura Digital.
Olá a todos, como fim de férias terminei a cor dessa ilustração que é um pouquinho velha, o desenho eu devo ter feito a uns dois anos, por isso não gosto muito do resultado da arte final, proporção e tudo mais. como eu já tinha começado a colorir resolvi terminar pra treinar.
abraços a todos.
e mais um devaneio.
E ainda que todas as rosas nascessem vermelhas
E como se na dor fosse mais bonito vê-las
E se nada fosse um grande vazio
E sem sentido vagássemos por entre as estrelas…
Ou se perdendo como um gato vadio
A procura de algum novelo…
Ainda assim seria dor a vida,
Seria êxtase e desespero
Pois nada é tão certo quanto o incerto
Nada é tão verdade quanto à falta do verdadeiro,
Nada é apenas nada quando tocamos o concreto.
E ainda que todas as rosas crescessem belas
E toda sua vida dependesse delas
E se o vermelho fosse o seu sangue
E as pétalas desabrochassem nas batidas de seu coração
Nada disso seria tua certeza
E nada porém, seria em vão.
Distantes e Dissonantes – Devaneio 17 – Desenho 59
Técnica: Água tinta, e caneta nanquim
(gravura em metal)
Distantes e Dissonantes
É fácil se desejar
É compreensível se querer
É humano se enganar
É triste não saber…
É estranho esperar
Sem ao menos saber o que!
É constante o sonhar…
É distante o viver…
Eu…
Você…
Distantes…
Inconstantes…
Dissonantes…
Eu que aqui a imagino
E continuo do mesmo jeito a viver
Você do mesmo modo
A mercê de outros braços
De outros abraços
De outras palavras
Que não as minhas…
Que aqui sozinhas
Esperam por nascer
Esperam por você…
Desculpe-me todos que visitam o “Desenhos e Devaneios” por não ter atualizado por tanto tempo, para compensar o sumiço devido a compromissos que não me permitiram escrever e desenhar, além de mais um Devaneio, segue alguns estudos ainda não finalizados de nanquim e também a ultima ilustração que fiz para o Tntema.
Técnica: Caneta Nanquim, Lápis, Xilo e Photoshop
Alien estranho, Tntema.
Desenho 25 e 26 (“Lembranças e Janelas”e “Três Corações”) devaneio 8
Lembranças e Janelas . técnica mista
Aos Poucos tudo vira nada.
Aos poucos tudo vira nada
O tempo leva a todos pela mesma estrada
Até mesmo um grande amor é esquecido
Restando apenas sobras do que foi vivido.
Aos poucos tudo vira nada
Lindas jornadas viram pegadas
Dos mais belos sonhos sobram vestígios
Se esquecem de si próprios em pequenos esconderijos
Aos poucos o amor vira dor
E toda dor aos poucos se apaga
Alguém que nunca de fato existiu
Caminhando pela vazia madrugada
Aos Poucos tudo vira nada
Pois ficaremos vazios no fim da jornada
Pois esperamos sempre que tudo passe
O tempo é um rio e nós uma jangada.
E Aos poucos tudo se acaba
Em um lampejo, um desejo
Seu beijo que nunca sentirei
Nos sonhos que nunca viverei
Aos poucos tudo vira nada
Você será apenas uma lembrança
Nem boa nem ruim, uma lembrança apenas…
Do que fiz de mim.
o elefante (desenho 13) Devaneio 6 Sofrimento Pedido
Extrato de Nogueira e Nanquim em Canson .
Eram sete e alguma coisa da manhã e me deu vontade de desenhar elefante, ahaha saiu este ai que depois finalizei… obrigado a todos pelos comentários! são motivadores!
Sofrimento pedido
Encostei-me a ti sabendo que era vento
Sabendo que era tempo
Que passa e não volta mais
Abracei-te como ao um sonho
E por saber que era sonho
Deixei o sonho me levar
Por isso…
Sabendo que era folha
Que planava ao vento
Sabendo que o desejo
Em forma de acalanto
Não pude nem chorar
Não pude ao menos clamar
Quando a brisa soprou
Quando o tempo passou
Quando o sonho acabou
Quando o tempo à folha secou.
Desenho 11 Em busca da Felicidade
Eu gosto desses personagens românticos, este remetendo ao teatro a Tragédia e a comédia. fiz pensando no desejo de todos em buscar a felicidade.
Agente sempre busca por aquilo que não tem,
Sempre temos aquele conceito encravado em nossas mentes sobre a felicidade,
E todos, estamos sempre em busca da felicidade de alguma forma e algum lugar…
As vezes a temos nas mãos, a sentimos e deixamos passar pensando que não era ela
As vezes apenas a observamos como algo difícil de se alcançar, como se estivesse muito distante, as vezes pensamos que o outro a tem fácil e nós penamos por um pouco dela. E não vemos a fortuna que temos.
Até ai tudo bem… estamos sempre atrás de ilusões mesmo! Uma a mais ou a menos…
Na verdade nada disso importa realmente… o que importa é simplesmente a busca por ela mesma. Todos buscam algo pra si, pro mundo… tentando fazer de sua existência alguma coisa com sentido… alguns vão conseguir outros não… temos apenas que saciar essa sede por algo bom dentro de nós pra ter alguma vontade de continuar… por isso busquem sempre…
O Pierrot 4, Devaneio 2
O triste Pierrot
Os comuns se jogam na multidão
E assim tentam esquecer a solidão.
Mas estão sozinhos e eles sabem.
Buscam dessa forma a felicidade.
Sabem que será apenas por um breve momento
Mas que felicidade não se desfaz no tempo?
São manipulados, mas não ligam.
Sabem que deve a tudo esquecer
São apenas quatro dias,
Não há tempo a perder.
Se fantasiam,
E tiram as mascaras interna.
Cobrindo o rosto para mostrar o que quer
Sem que os outros saibam quem é.
Mas há sempre aquele que não sorri na multidão.
Se destacando do colorido.
Se perder ao relento está em desaninho.
É este que não tem o que quer.
E nem sabe o que é.
Mas esse vazio profundo.
Não o deixa achar graça do resto do mundo.
E o resto de tudo agora é o nada.
Quando as ruas estiverem vazias…
E os outros encontrarem suas companhias.
Esta ele só a vagar.
Dançando leve e tristemente.
Dança sem estar contente.
Apenas se contentando. Seguindo a corrente.
Tem apenas um nome em sua cabeça
Em um sonho em seu coração.
Quer encontrar o grande amor,
Pra que tudo fique mais fácil,
Que as noites sejam mais alegres,
E não aja temporal.
Com alguém do seu lado no próximo Carnaval.